Joana Vasconcelos foi a primeira artista nomeada para o Prémio Novos Artista Fundação EDP, em 2000. Passadas quinze edições, esse prémio provou ser o momento de revelação de alguns dos mais significativos nomes da cena artística nacional; Joana Vasconcelos é um primeiro e bom exemplo disso. A partir de então, a Fundação EDP tem acompanhado o percurso da artista em algumas das suas mais importantes presenças nacionais e internacionais. Pulg-in é mais uma etapa desta relação. Joana Vasconcelos invade os espaços interiores dos dois edíficios do museu - agora designados como MAAT Central e MAAT Gallery - e marca presença, também, nos seus espaços exteriores - MAAT Garden -, mostrando um conjunto de trabalhos, inéditos entre nós ou há muitos anos não vistos; outra linha comum à quase totalidade das obras é o facto de serem peças mecânicas e/ou luminosas, justificando assim o título unificador escolhido.
Joana Vasconcelos mantém e desenvolve na sua obra os traços iniciais de irreverência (nos temas, formas, matérias e métodos de trabalho): um olhar irónico, humorado e crítico sobre as coisas do mundo e a natureza dessas coisas. O que faz com as coisas é roubá-las ao quotidiano, oferecendo-lhes uma outra dimensão. O que é pobre faz-se rico, como nos contos de fadas, e o que é rico explode em excessos que quebram as fronteiras do plausível e da razoabilidade. Sob o manto das suas fantasias e compromissos determinados pelas encomendas públicas e privadas, a obra de Joana Vasconcelos mantém a verdade nua da obra de arte como pensamento sobre o real, como processo transformador do real, como olhar crítico sobre o real.
JOÃO PINHARANDA
Curador da exposição
Fotos: © 2023 Armando Isaac