Alcoutim e o contrabando
O contrabando é também comércio, mas ilícito. É inseparável do comércuio e desenvolve-se paralelamente a este. Praticava-se até há bem pouco tempo, entre povoações das terras de fronteira, porque estas partilhavam da mesma realidade politíco-geográfica e das mesmas necessidades.
Desde que se marcaram os limites fronteiriços entre Portugal e Espanha que houve a preocupação, por parte das autoridades, de controlar as mercadorias que circulavam.
No século XVI, por todo o Baixo Guadiana (de Alcoutim a Castro Marim e Santo António de Arenilha), os castelhanos passavam ilegalmente os escravos que de África chagavam ao Algarve para depois serem vendido em Espanha. A passagem de gado para Castela também se fazia em Alcoutim, bem como tabaco, açucar, sal e texteis.
Nos finais do século XIX, a criação de postos da Guarda-fiscal permitiu um maior controlo na zonas de fronteira. Entre Mértola e Vila Real de Santo António chegaram a existir 26 postos da Guarda-fiscal. Alcoutim era a sede de mais de metade desses postos. Do lado espanhol também havia postos para controlar o comércio ilícito. Perante este sistema, os contrabandistas procuraram outras soluções e o contrabando tornou-se mais organizado. Formaram-se então quadrilhas de contrabandistas. Contrabandeavam de noite, pois após o sol-posto era mais fácil escapar á vigilância da Guarda-fiscal portuguesa e dos Carabineros espanhóis. De Portugal passavam os produtos que escasseavam em Espanha, pricipalmente os de primeira necessidade: café, açucar, farinha, vinho, tabaco e sabão. De Espanha traziam bombazina e miolo de amêndoa.
Em Alcoutim a prática de contrabando foi, para muitas famílias, um modo de sobrevivência. Contrabandeavam para minorar as carências económicas, sustentar a família e construir uma casa.
Nota: Excerto de placa local
Fotos: © 2022 Armando Isaac