Uma folha de papel
A folha de papel, parente tardio do papiro e do pergaminho, foi como se sabe o instrumento de cálculo mais usado desde que se popularizou a tinta e a pasta de papel trazida do Oriente, e sobretudo a partir do século XVI e no Ocidente, com o uso generalizado da escrita cursiva.
Mas numa folha de papel pode haver mais matemática para além daquela que lá se escreve; basta compulsar um belo livro de Tandalam Sundara Rao (n. 1853), ainda hoje muito popular, sobre exercícios geométricos com dobragens de papel, ou mais recentemente toda uma curiosa literatura baseada sobretudo nos trabalhos de Jacques Justin e Humiaki Huzita (1989) fundamentando axiomaticamente as técnicas de dobragem de papel vindas do Oriente e conhecidas no Ocidente pelo nome de “origami”, com muitos entusiastas em particular em Espanha - um dos quais Miguel de Unamuno - e na Argentina, onde surgiu uma nova vertente, devida a Diego Uribe (1994), direccionada para a construção de “pop-ups” fractais. E que tal dobrar uma folha de papel usual ao meio, digamos, 50 vezes? Se o fizéssemos a espessura das folhas sobrepostas seria três quartos da distância da Terra ao Sol e o comprimento da folha cerca de 6,6 x 1022 Km, ou seja cerca de setecentas vezes maior que o diâmetro da Via Láctea.
Nota: Extracto do texto de apoio à conferência apresentada pelo Prof. Paulo Almeida do I.S.T.
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