Azulejo Alicatado
Desde há mais de cinco séculos que a azuleijaria ocupa uma posição de relevo entre as artes decorativas portuguesas e, apesar de ao longo da sua história ter sofrido multiplas inflências, em Portugal essas influências caracterizaram-se pela riqueza cromática, a monumentalidade, o sentido cenográfico e a sua integração na arqiutetura.
Foi durante a ocupação árabe ques os povos ibéricos tomaram conhecimento da cerâmica mural, através da utilização de placas de barro cobertas de vidrado colorido e uniforme.
Dentre as várias formas e técnicas de trabalhar estas placas, que cortados em fragmentos mais ou menos geométricos eram recombinados em belos painéis decorativos, uma delas utilizava essencialmente o alicate.
Esta forma de cortar e trabalhar o azulejo com alicate, foi desenvolvida e implementada pelos Mouros na Península Ibérica e, esteve em voga durante os séculos XVI e XVII.
Assim, é nos finais do século XVI, que aparecem em Portugal os primeiros painéis (embutidos em tetos e paredes) de composições mais ou menos geométricas combinadas em xadrez e em outras formas mais ou menos complexas, que, pela forma de apresentação eram conhecidas como "azuleijos de caixilho".
Este tipo de ajuleijaria,trabalhada com aturada minúncia e que na sua constituição é bastante semelhante ao mosaico greco-romano, era aplicada quer em painéis, pavimentos e tetos de palácios, quer em murais de igrejas, conventos e outros locais nobres.Todavia, não obstante a extraordinária beleza deste tipo de painéis decorativos, a morosidade da sua execução face à enorme procura fez aparecer o azuleijo atual, mais ou menos industrial, acabando por ser abandonadas as várias formas e técnicas de trabalhar o azulejo, entre elas a técnica "alicatado".
No entanto, e apesar de há muito se ter deixado de utilizar esta técnica, o José Freire utilizando vários tipos de ferramentas, tendo como matéria prima o azulejo e sem recorrer à utilização de quaisquer tipo de tintas, está empenhado em recriar e divulgar esta sua genuína forma de tabalhar o azulejo.
In "outra Arte" - José Freire
Fotos: © 2018 Armando Isaac